Temos
diversas representações
desse
nosso feminino contínuo:
aparentamos
doçuras cruéis
e
carinhosamente autoritárias;
não
deixamos escapar alguns dramas;
estamos
incluídas e felizes
no cerco
das inscrições e das normas;
seguimos,
pacientes, calendários;
refinamos
nossos ódios e culpas,
reservando-nos
o papel de vítimas;
mesquinhas,
ocultamos sofrimentos,
agressões
morais, sociais, políticas.
Mas
estamos à frente, condenando
aquelas
que ousam sair da rotina,
chutam
seus casulos medievais,
assumem e
lutam por novos amores
vendo
nossos desejos condensados
na
independência dessas mulheres
que se
travestem de macho, de fêmea,
não têm
padrões sociais de prazer,
não
aceitando o que lhes é imposto.
E nós,
seguimos em frente, doídas,
remendando
trapos de relações,
ariando
panelas, cacos famintos,
morrendo
devagar, agonizando
só por
modelos falidos de amor.
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